Foi então que uma grande manada de porcos espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começaram a se unir, a juntar-se mais e mais. Bem próximos cada qual podia sentir o calor do corpo do outro. E assim bem juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente. Aquecidos, conseguiram enfrentar por mais tempo aquele inverno terrível.
Vida ingrata, porém... os espinhos de cada um começaram a incomodar, a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor. Feridos, magoados e sofridos, começaram a afastar-se. Por não suportarem mais os espinhos de seus semelhantes, eles se dispersaram. Novo problema: afastados, separados, começaram a morrer congelados.
Os que sobreviveram ao frio voltaram a se aproximar, pouco a pouco. Com jeito e precaução. Unidos novamente, mas cada qual conservando uma certa distância um do outro. Distância mínima, mas suficiente para conviver, sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos. Assim agindo, eles resistiram à longa era glacial. Apesar do frio e dos problemas, conseguiram sobreviver.”
Conviver significa “Vida em comum”, melhor, “con” é um prefixo que significa “junto”, podemos afirmar que conviver é “tocar a vida junto com”, “viver em companhia de”. Pode ser ainda “trato diário”, “intimidade”. Agora leia o Salmo 133: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desceu sobre a barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes; como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordenou a bênção, a vida para sempre”.
Sabia que a primeira parte deste Salmo no hebraico pode ser interpretada como “quão bom e quão suave é quando os irmãos habitam também juntos”? aliás, o salmo inteiro dá uma idéia de aproximação ou compartilhamento: o óleo é derramado sobre a cabeça de Arão, mas ensopa também sua barba e desce pela gola de suas vestes, espalhando o perfume... O Monte Hermon, maior de Israel, barrava o grosso do orvalho que caia sobre aquela terra, contudo o pequeno Monte Sião se beneficiava do orvalho do Hermon. Quando os irmãos “habitam juntos”, grandes e pequenos experimentam as mesmas bênçãos ordenadas por Deus.
Quem sabe lhe venha muito à mente os espinhos que seus manos têm. Contudo a Bíblia nos aconselha a estarmos juntos pelo que podemos oferecer de bom uns aos outros. Há espinhos, com certeza; incomodam? Claro! Mas temos dons e talentos preciosos, entregues a cada um, por Deus, para a edificação mútua (I Coríntios 12:5-7) “E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum”.
Necessitamos demais do nosso irmão! (Provérbios 17:17) “O amigo ama em todo o tempo; e para a angústia nasce o irmão”. Ainda não sabe pra que serve o irmão? Talvez descubra-o de outra forma.
Quando meu primeiro filho nasceu e teve APGAR gravíssimo, indo para a unidade de ressuscitação, saí desolado no rumo do hospital, pensando no que iria encontrar. Depois de alguns minutos de viagem, que me pareceram uma eternidade, entrei para a recepção em busca de informação, dormente e desesperado. Vi-me miúdo, impotente e sozinho. Sai dali para a UTU e senti que ia desfalecer de tanta angústia, as pernas estavam bambas e a boca amarga. De repente, sinto uma mão no meu ombro, e a voz de um irmão dizendo: “estou aqui!” Você não imagina a força que brotou em mim naquela hora!
Amados, nós passamos a vida inteira lutando para não ficarmos sós... Deus nos dá a oportunidade de conviver. Vamos curtir esta convivência?
Graça e Paz!
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