O titulo não é original, vem da Série Taboo, da National Geographic.
A ansiedade das pessoas por lutar pela aparência estética me deixou horrorizado!
Devo deixar claro que não tenho nada contra intervenções na beleza natural. Não considero pecado emoldurar a pintura do Criador. Mas, a partir do momento em que estas intervenções são frutos de uma insatisfação consigo mesmo, ou que sobrepujam a busca pelo melhor estado interior, há algo tremendamente errado.
O fato causa mais arrepios quando em nome da beleza, e não por causa de patologias ou disfunções, algumas pessoas se submetem a cirurgias radicais dolorosas, pouco saudáveis e até fatais. Sabe-se de mulheres que retiram costelas para afilar a cintura; outras colocam litros de prótese de silicone para conseguirem um busto chamativo, mesmo com o risco de infecções seriíssimas que levariam a perda do seio; na Rússia (referencia em cirurgias de correções de estruturas ósseas em deficientes) meninas se submetem à fratura nas duas pernas e passam meses sentindo dores enquanto ferros introduzidos nas pernas “espixam” tecidos e ossos, que ao cicatrizarem lhes deixarão 4 centimetros mais altas! Tudo porque pernas longas são “mais atraentes”. Na Tailândia existe o “Turismo da beleza”. Pessoas vão a este país fazer cirurgias que não seriam executadas em outros paises por motivos fúteis, nem por tão baixo custo. É impressionante saber de pessoas que recebem incisões na testa, no queixo, na face, para deixar ossos à mostra, para que sejam “esmerilhados” e mudados nos seus formatos!
Algumas destas pessoas apelam para tais tratamentos por conta de uma crise de auto-aceitação, que pode ter se originado na infância, ou em outra fase da vida. Pode ser resultado também das imposições sociais, dos conceitos de estética (sabe-se que no universo das modelos a anorexia é muito comum). Tais pessoas recorrem, então, à transformação exterior como meio de melhorar sua auto-estima. Qualquer psicólogo lhes receitaria um tratamento para transformação da essência!
Ouvi uma frase de uma jovem que me deixou horrorizado. Ela se submetia a bronzeamento natural e artificial durante horas. Quando a dermatologista lhe advertiu que poderia desenvolver um melanoma e morrer, ela disse: “Tudo bem, contanto que eu esteja linda no caixão”.
Veja este relato Extraído do livro DEUS E SEXO, de Rob Bell, Editora Vida, 2010:
Em 1945, um grupo de soldados britânicos libertou do poderio germânico um campo de concentração chamado Bergen-Belsen. Um deles, o tenente-coronel Mercin Willet Gonin, condecorado pelo exército inglês com a Ordem do Serviço Distinto, relatou em seu diário o que foi encontrado ali.
“Sou incapaz de uma descrição apropriada do circo de horrores em que meus homens e eu haveríamos de passar o mês seguinte da nosa vida. O lugar é um deserto inóspito, desprotegido como um galinheiro. Há cadáveres espalhados por todo lado, alguns em pilhas enormes, às vezes isolados ou pares no mesmo local em que caíram. Levei algum tempo para me acostumar a ver homens, mulheres e crianças tombarem ao passar por eles. Sabia-se que 500 deles morreriam por dia e que outros 500 ao dia continuariam morrendo durante semanas antes que alguma coisa que estivesse ao nosso alcance fazer causasse algum impacto. De qualquer forma, não era fácil ver uma criança morrer sufocada pela difteria quando se sabia que uma traqueostomia e alguns cuidados a teriam salvado. Viam-se mulheres se afogarem no próprio vômito porque estavam fracas demais para se virar de lado, homens comendo vermes agarrados a meio pedaço de pão pelo simples fato de que precisavam comer vermes se quisessem sobreviver e, depois de algum tempo, eram incapazes de distinguir uma coisa da outra. Pilhas de cadáveres, nus e obscenos, com uma mulher fraca demais para ficar de pé se escorando neles enquanto preparava sobre uma fogueira improvisada a comida que havíamos dado a ela; homens e mulheres agachados por toda parte a céu aberto, aliviando-se. Em uma fossa de esgoto boiavam os restos de uma criança.
Pouco depois que a Cruz Vermelha britânica chegou, embora talvez sem ter nenhuma relação esse fato, chegou também uma grande quantidade de batom. Não era em absoluto o que queríamos. Clamávamos por centenas e milhares de outras coisas. Não sei quem pediu batom. Gostaria muito de descobrir quem fez isso; foi um golpe de gênio, de habilidade pura e natural. Creio que nada contribuiu mais para aqueles prisioneiros de guerra que o batom. A mulheres se deitaram na cama sem lençol e sem camisola, mas com os lábios escarlates. Podia-se vê-las perambulando por todo lado sem nada, a não ser um cobertor em cima dos ombros, mas com os lábios bem vermelhos. Vi uma mulher morta em cima da mesa de autópsia cujos dedos ainda agarravam um pedaço de batom. Enfim alguém fizera algo para torná-las humanas de novo. Eram gente, não mais um simples número tatuado no braço. Enfim, podiam se interessar pela própria aparência. O batom começou a lhes devolver a humanidade.”
Não é difícil de entender porque o ser humano chegou a um ponto tão crítico de futilidade. Nossa sociedade valoriza mais os atributos físicos em detrimento das qualidades escondidas na alma da pessoa. Isto se deve a um longo processo de perda de visão espiritual. Poucos são os que escaneiam além da aparência. Criamos conceitos de valores baseados apenas no que se pode tocar e medir. Nossos filhos já nascem sob esta ditadura... Eles sofrerão bullying nas escolas se forem gordinhos, baixinhos, tiverem orelhas grandes, etc. Você pode ser rejeitado em alguns círculos sociais por não se encaixar nos conceitos de estética perfeita... As campanhas publicitárias, a mídia de forma geral, cultuam e incentivam certos formatos corporais (pernas longas e torneadas, cintura fina, abdômen bem definido, bumbum empinado, nariz afilado, corpo “sarado”, etc.). Pessoas com composição física diferente podem se sentir à margem.
Por outro lado há algo de muito errado no ser humano que não se aceita, que se submete à normas sociais fúteis. Não se pode justificar a quem se compara a outros. Somos culpados também por não mergulharmos abaixo da superfície e não descobrirmos o universo maravilhoso de atributos que temos em nossa alma. O ser humano se anula por não visualizar sua inteligência, dons, talentos, competências, e tantas outras forças escondidas na nossa dimensão interior.
Não se curve ante a ditadura da beleza exterior. Não é normal reduzir-se para encaixar-se em moldes que outros criaram. Nossa principal “boniteza” está no fato de sermos humanos, criados à imagem e semelhança de Deus... Deus é espírito. Ele deleita-se em nossa imagem espiritual. Deu-nos um corpo, sim, mas não com a finalidade de que este sobrepujasse o resto de nossa estrutura.
Referências:
Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração. I Sm 16:7
E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens. Mt 22:16
E, chegando eles, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és homem de verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas à aparência dos homens, antes com verdade ensinas o caminho de Deus... Mc 12:14
E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa ficou branca e mui resplandecente. Lc 9:29
E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior. Lc 17:20
E perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus. Lc 20:21
Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça. Jo 7:24
E os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa. I Co 7:31
Porque não nos recomendamos outra vez a vós; mas damo-vos ocasião de vos gloriardes de nós, para que tenhais que responder aos que se gloriam na aparência e não no coração. II Co 5:12 .
Olhais para as coisas segundo a aparência? Se alguém confia de si mesmo que é de Cristo, pense outra vez isto consigo, que, assim como ele é de Cristo, também nós de Cristo somos. II Co 10:7
E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram; Gl 2:6
As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne. Cl 2:23
Abstende-vos de toda a aparência do mal. I Ts 5:22
Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. II Tm 3:5
Porque sai o sol com ardor, e a erva seca, e a sua flor cai, e a formosa aparência do seu aspecto perece; assim se murchará também o rico em seus caminhos. Tg 1:11
Nenhum comentário:
Postar um comentário